sábado, 30 de julho de 2011

Prisão decretada

Justiça do Rio anuncia prisão preventiva de sargento que atirou em jovem durante a Parada Gay.




RIO DE JANEIRO - O sargento do Exército Fernando Ulisses de Carvalho teve sua prisão preventiva anunciada pela Justiça do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (28), por ter atirado em um jovem durante a Parada Gay, que aconteceu no ano passado, na praia de Copacabana. O juiz Murilo André Kieling, da 3ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, afirmou em seu parecer que “a própria formação militar não pode aceitar uma atitude como essa”.
O sargento responde a processo militar e cível por tentativa de homicídio e por ter baleado uma pessoa em área que não era militar.
Eu estava lá para me divertir, nunca vou me esquecer daquele dia, faz oito meses, mas se eu fechar os olhos posso me lembrar da cena. Parece que aquele tiro acertou a minha alma. Pensava que não existia preconceito assim, aí aconteceu comigo, disse o jovem Douglas Marques (foto), hoje com 20 anos, que acompanhado de quatro amigos foi ao Parque Garota de Ipanema e acabou baleado na barriga pelo militar.
No dia da agressão, Douglas contou que o sargento chegou a jogá-lo no chão e afirmar que ele, por ser gay, era uma vergonha pra sua família. Quando recebi a notícia de que a prisão do sargento foi decretada, minha esperança foi renovada, a promotora que acompanha o caso me disse que duas testemunhas chegaram a ser intimidadas, revelou o jovem.
Apesar de o pedido de prisão preventiva já ter sido expedido pela Justiça, o sargento ainda não está preso. O Comando Militar do Leste informou que aguarda a chegada do mandado de prisão para cumpri-lo na forma da lei.
Com medo de represálias, Douglas mudou-se para longe da casa dos pais, após uma decisão com a família. Atualmente, ele trabalha como assistente social, atende pessoas que sofreram com homofobia.
Me prejudicou um pouco estar longe dos meus pais. O problema é à noite, fico com muito medo. Não saio mais à noite sozinho, tenho medo. Passei a ter receios de lidar com homens heterossexuais, o que eu nunca tive, contou.
Douglas diz que é homossexual declarado, e que seus pais o apóiam desde os 12 anos, quando assumiu essa condição. Meu pai e minha mãe me apóiam, sentem orgulho de mim, somos felizes nos aceitando, nos amamos muito, disse o jovem.
Para o superintendente de Direitos Individuais e Difusos da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro, Cláudio Nascimento, essa é uma vitória para todo o movimento LGBT e mostra para os homofóbicos que os comportamentos estão mudando.
Homossexual tem vez e voz, está sendo feita justiça como antes não acontecia. Se homofóbicos fizerem algo contra nós [LGBT’s], iremos denunciar e eles serão presos, não vão sair impunes como antes. Vamos acompanhar todo este caso, isso é um pedido do governador Sérgio Cabral, acreditamos na expulsão dele da corporação, afirmou Nascimento.

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