quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Irmãs transexuais argentinas abrem churrascaria contra o preconceito.


Carla diz que resolveu abrir o restaurante para 
gerar o próprio trabalho e ajudar outros transexuais.Carla diz que resolveu abrir o restaurante para gerar o próprio trabalho e ajudar outros transexuais.


BUENOS AIRES - O restaurante das irmãs Carla e Mar Morales, no bairro de Barracas, em Buenos Aires, seria apenas mais um na capital argentina a servir a parrilla, a versão local do churrasco, a não ser por um detalhe incomum: as proprietárias são transexuais e pretendem formar uma equipe formada majoritariamente por transexuais, como forma de ajudá-los contra o preconceito.
Carla, de 31 anos, e Mar, de 26, contaram à BBC Brasil que sentiam dificuldade para encontrar emprego. Além de gerar o próprio trabalho, elas resolveram dar oportunidades para outros transexuais
Nós temos aparência feminina, mas quando mostrávamos o documento com nomes de homens, desistiam de nos contratar, disse Carla.
As duas nasceram na província argentina de Salta, no norte do país, e mudaram-se há poucos anos para Buenos Aires, onde abriram há dois meses o restaurante "Transeúntes".
hurrascaria é gerenciada pelas irmãs e possui dois funcionários, como contou Carla, um “transexual masculino e uma heterossexual, que é a cozinheira”.
Educação
Carla estuda desenho de moda na Universidade de Buenos Aires (UBA) e Mar é atriz de teatro.
Acho que a educação é muito importante. Mas eu tenho curso de bolos e doces e não conseguia emprego por preconceito. Fiquei muito tempo parada. Um dia quando um rapaz ‘trans’ me pediu ajuda para conseguir emprego surgiu então a ideia do restaurante, disse.


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Carla entrou com ação na Justiça para mudar seu 
nome nos documentos de identidade.Carla entrou com ação na Justiça para mudar seu nome nos documentos de identidade.


Ela afirmou esperar que o restaurante cresça, que possa contratar mais gente, e que seu “sonho” é que um dia “vários lugares no mundo” tenham um restaurante como o delas.
Mas nosso objetivo não é formar uma ilha para os transgêneros (transexuais), e sim, o contrário: que o restaurante seja uma forma de inclusão dos transexuais, disse.
Carla contou que o restaurante tem um público eclético, pessoas de diferentes sexos que trabalham nos escritórios do bairro de Barracas, no sul da cidade de Buenos Aires.
Atendemos nas mesas do salão principal cerca de vinte pessoas por dia. Mas temos um pátio para os que nos contratam para eventos sociais, disse. Ela afirmou que jamais percebeu preconceito dos clientes ou dos vizinhos desde que abriu o restaurante. Temos casa cheia quase todos os dias, de segunda à sexta, disse.
Identidade
Carla entrou com ação na Justiça argentina para mudar seu nome nos documentos. Ela disse que prefere não revelar seu nome de batismo, que aparece na certidão de nascimento e no documento de identidade.
Ah, não, eu sou Carla Morales. E tenho esperanças de que a lei de identidade de gênero saia antes que a decisão sobre a minha ação na Justiça, afirmou.
Recentemente, deputados argentinos apresentaram projeto de lei para estabelecer a identidade de gênero, já debatido e aprovado nas comissões da Câmara.
Assessores do deputado Miguel Angel Barrios, do Partido Socialista (PS), explicaram que antes de ser lei, o projeto final ainda deverá ser aprovado no plenário da casa, depois enviado para o Senado e ser sancionado pela presidente Cristina Kirchner.
No Uruguai, a chamada lei de ‘identidade de gênero’, que permite a mudança nos documentos, foi aprovada durante o governo do ex-presidente Tabaré Vázquez, em 2009.
Fonte: BBC Brasil

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