A definição de essência, segundo alguns filósofos, é “aquilo que faz uma coisa ser ela mesma e não outra”. Já a definição de repressão, segundo o dicionário Aurélio, é “ato ou efeito de reprimir (-se), isto é, não deixar que aconteça, ou que prossiga, se manifeste, se movimente, se desenvolva; conter, coibir, refrear. Não fazer ou não completar (gesto, expressão de sentimento); disfarçar. Oprimir. Punir, castigar. Dominar, controlar ou moderar as próprias ações”. Sendo assim, quando alguém se reprime ou é levado a reprimir-se nos aspectos constitutivos do seu ser, essa pessoa estará deixando de ser ela mesma para ser outra. Estará falseando a sua própria realidade enquanto ser, realidade existencial.
No que concerne à questão da orientação (uso o termo orientação ao invés de opção, por achar que opção é da ordem do fazer e orientação é da ordem do ser) sexual homossexual, contemplo um fenômeno semelhante ao que expus anteriormente.
Quando um homossexual assume-se enquanto homossexual perante ele mesmo ou perante ele e a sociedade, vejo que é o passo inicial para que consiga galgar os demais passos no processo de autoconhecimento. O segundo passo a ser desenvolvido, talvez, seja a atitude de aceitação dessa orientação sexual, isto é, daquilo que faz dele o que ele é, portanto, sua homossexualidade. Com essa aceitação é provável que começará a canalizar, direcionar suas energias, instintos, desejos, vontades e etc. A partir de então dará início a uma nova fase de sua vida sexual ou no processo de descobertas dessa vida sexual, que a meu ver é o terceiro passo o qual chamo de fase da administração daquilo que já assumiu e que já aceitou. Nesse atual estágio da vida e das descobertas, a pessoa transformará o pseudoproblema da homossexualidade numa situação natural (não uso o termo normal para não incorrer no binômio: normal versus patológico) e confortável na sua própria existência (no seu ser) e perante a sociedade como um todo.
Por outro lado, quando alguém que tem uma orientação sexual e desejos homossexuais, mas os nega, em função de uma repressão social ou por um sentimento de auto-repressão, essa pessoa viverá negando algo que é parte constitutiva do seu próprio ser, isto é, que é essencial a sua existência. Ao negar o que é essencial em seu ser, tenderá a construir algumas possibilidades de suprir aquela falta do que é negado por ele mesmo, vivendo, conseqüentemente uma vida que não é dele, ou melhor, vivendo sem ser ele mesmo. Será um “enrustido” ou “viverá no armário”, como é sentenciado pelos homossexuais mais resolvidos, que já se assumiram, aceitaram-se e administram sua homossexualidade de forma tranqüila e salutar.
Portanto, faz-se necessário a partir do momento que uma pessoa entre em contato com os seus desejos mais profundos e perceba uma orientação para a sua homossexualidade, que busque informações a cerca do assunto com profissionais competentes (por competência entendo aqueles que agem guiados pelo conhecimento e pela sabedoria e não pautados no pré-conceito e na opinião) para que o ajude nesse processo de descoberta e desenvolvimento sexual. Essa busca de conhecimento e autoconhecimento deverá se feita através do contato com o saber acumulado de geração em geração (existem ótimas bibliografias) e também através do contato com os próprios sentimentos, pois estas duas diretrizes levarão o homossexual, quase que naturalmente, ao tripé necessário a sua realização pessoal: assumir, aceitar e administrar a sua homossexualidade. E com isso livrando-se da hipocrisia que assola nossa sociedade dita pós-moderna em algumas direções e tão retrógrada em outras, pois força a repressão dos aspectos constitutivos dos seus indivíduos, onde o que vale é a ordem do discurso e o faz-de-conta. E, onde o real e o essencial, muitas vezes, são substituídos por formas artificiais e superficiais de se viver.
Prof. Miguel Gomes (publicado na TVTudo em 2005)
No que concerne à questão da orientação (uso o termo orientação ao invés de opção, por achar que opção é da ordem do fazer e orientação é da ordem do ser) sexual homossexual, contemplo um fenômeno semelhante ao que expus anteriormente.
Quando um homossexual assume-se enquanto homossexual perante ele mesmo ou perante ele e a sociedade, vejo que é o passo inicial para que consiga galgar os demais passos no processo de autoconhecimento. O segundo passo a ser desenvolvido, talvez, seja a atitude de aceitação dessa orientação sexual, isto é, daquilo que faz dele o que ele é, portanto, sua homossexualidade. Com essa aceitação é provável que começará a canalizar, direcionar suas energias, instintos, desejos, vontades e etc. A partir de então dará início a uma nova fase de sua vida sexual ou no processo de descobertas dessa vida sexual, que a meu ver é o terceiro passo o qual chamo de fase da administração daquilo que já assumiu e que já aceitou. Nesse atual estágio da vida e das descobertas, a pessoa transformará o pseudoproblema da homossexualidade numa situação natural (não uso o termo normal para não incorrer no binômio: normal versus patológico) e confortável na sua própria existência (no seu ser) e perante a sociedade como um todo.
Por outro lado, quando alguém que tem uma orientação sexual e desejos homossexuais, mas os nega, em função de uma repressão social ou por um sentimento de auto-repressão, essa pessoa viverá negando algo que é parte constitutiva do seu próprio ser, isto é, que é essencial a sua existência. Ao negar o que é essencial em seu ser, tenderá a construir algumas possibilidades de suprir aquela falta do que é negado por ele mesmo, vivendo, conseqüentemente uma vida que não é dele, ou melhor, vivendo sem ser ele mesmo. Será um “enrustido” ou “viverá no armário”, como é sentenciado pelos homossexuais mais resolvidos, que já se assumiram, aceitaram-se e administram sua homossexualidade de forma tranqüila e salutar.
Portanto, faz-se necessário a partir do momento que uma pessoa entre em contato com os seus desejos mais profundos e perceba uma orientação para a sua homossexualidade, que busque informações a cerca do assunto com profissionais competentes (por competência entendo aqueles que agem guiados pelo conhecimento e pela sabedoria e não pautados no pré-conceito e na opinião) para que o ajude nesse processo de descoberta e desenvolvimento sexual. Essa busca de conhecimento e autoconhecimento deverá se feita através do contato com o saber acumulado de geração em geração (existem ótimas bibliografias) e também através do contato com os próprios sentimentos, pois estas duas diretrizes levarão o homossexual, quase que naturalmente, ao tripé necessário a sua realização pessoal: assumir, aceitar e administrar a sua homossexualidade. E com isso livrando-se da hipocrisia que assola nossa sociedade dita pós-moderna em algumas direções e tão retrógrada em outras, pois força a repressão dos aspectos constitutivos dos seus indivíduos, onde o que vale é a ordem do discurso e o faz-de-conta. E, onde o real e o essencial, muitas vezes, são substituídos por formas artificiais e superficiais de se viver.
Prof. Miguel Gomes (publicado na TVTudo em 2005)
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